I.
Vínhamos de bem longe, meditando
Sobre o grande problema do Destino,
“Tudo é um sonho”, dizíamos. Foi quando
Nós te encontrámos, meigo Peregrino.
Falaste pouco. Mas foi tal, tão brando
O encanto irresistível desse ensino,
Que em breve os nossos corações pulsando
No fogo ardiam já do amor divino.
E, sentindo minh’alma transformada,
Eu disse: “Mestre, ensina-nos a prece
Que redime, que eleva e santifica.
Ainda há tantos perigos pela estrada…
É tarde… o dia morre; a sombra desce:
Divino Amigo, não nos deixes… Fica”.
II.
E tu ficaste. E desde aquele dia
Em que connosco à Mesa, o Pão celeste
Que já teu verbo consagrado havia
Como alimento às nossas almas deste,
Outra vida, da qual nada eu sabia,
Comecei a viver, porque o quiseste.
E então soube o segredo da alegria
E encontrei flores no caminho agreste.
Jónatas Serrano
Atas do 5.º Congresso Eucarístico Nacional, SNL 2024, pp. 154-155.