ODE DA ESPERANÇA

No horizonte longínquo, uma luz ténue desponta
traçando caminhos no âmago do incógnito,
do desconhecido!
Deus segreda no silêncio
uma promessa que atravessa o tempo dos tempos;
uma promessa antiga como o verbo,
viva como o instante.

A esperança, recôndita, mas tangível,
não é fuga nem ilusão,
é força que sustém o gélido inverno da alma
e desenha nos céus o mapa de um novo ciclo.

Não há jubileu sem entrega,
não há paz que se plante em terreno seco.
O solo fértil nasce do amor em ação,
e cria raízes na terra e floresce no coração.
Deus não é apenas o distante, o inalcançável.
Ele vive no gesto que eleva, na palavra que cura,
na coragem de quem se atreve a sonhar no meio do caos
despedaçado, interiormente, em ruínas!

O caminho é teu, é meu, é nosso,
e cada passo é construído no templo invisível
onde a promessa se torna verdade.

És, sou, somos, semeadores do futuro,
e é na fecundidade dos nossos atos
que o Divino se manifesta.
Que a esperança renasce!
A esperança não é estrela distante,
é chama acesa dentro de nós,
intermediária que atravessa abismos,
eco de uma verdade maior
que espera ser (re)descoberta.
E, no regresso ao eterno,
não levaremos mais que o fruto
de cada semente que plantarmos
em mim, em ti, em nós!

Verónica Parente
Meadela, 19 novembro 2024