Quem és tu, Esperança,
que percorres os campos da incerteza,
companheira invisível dos que avançam?
Quem és tu, Esperança,
que murmuras aos corações fatigados
quando o mundo se ergue em vozes de resistência?
Esperança, tu não tens rosto,
mas brilhas no olhar
de quem ainda te aguarda.
Esperança, não tens voz,
mas falas no silêncio dos que em ti acreditam
no invisível, no que ainda não é, mas que será.
Sabes, Esperança, habitas no intervalo misterioso
entre o agora e o depois, como um fogo que resiste ao vento,
como a força que rebenta no confim da queda.
És o peso que se torna leve
sobre os ombros cansados,
o sopro que guia a vela em mares calmos ou revoltados.
Tu, Esperança, não prometes caminhos simples,
mas insistes, persistes,
em cada passo que ousamos avançar.
Ó mistério, ó força que não se explica,
elo entre a terra que pisamos
ó céu que desejamos um dia tocar.
Assim sim!
Sairemos esperançosos!
Vitoriosos.
Verónica Parente
Meadela, 21 novembro 2024