[da Esperança] 

uma palavra,
uma só
indefesa, desarmada,
qualquer coisa fora de si
que não diz para onde segue
– permanece!

uma única
e só a palavra
que guardamos para as horas
em que apenas o silêncio é o bastante
– permanece!

uma palavra, essa
que adestra os pés
quando sobra o desespero,
e grávida se a ditamos plural
– permanece!

ela, a palavra, uma só
levada como arma nas trincheiras,
pedra de fricção para evocar o fogo
em noites de perda
– permanece!

a palavra, uma só palavra
que nasceu como estrangeira
e com feição de criança,

palavra a que Deus quis chamar
– de Esperança:

eu bem sei que permanece!

Braga, 21 de novembro de 2024
Bruno Pinto