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Quando falamos de esperança, referimo-nos muitas vezes àquilo que não está no poder do homem e que não é visível. Com efeito, o que esperamos vai além das nossas forças e do nosso olhar. Mas o Natal de Cristo, inaugurando a redenção, fala-nos de uma esperança diferente, de uma esperança confiável, visível e compreensível, porque fundada em Deus. Ele entra no mundo e dá-nos a força de caminhar com Ele: Deus caminha ao nosso lado em Jesus, e caminhar com Ele rumo à plenitude da vida dá-nos a força de viver o presente de maneira nova, embora difícil. Então, para o cristão esperar significa a certeza de estar a caminho com Cristo rumo ao Pai que nos aguarda.
A esperança nunca está parada, a esperança está sempre a caminho e leva-nos a caminhar. Esta esperança, que o Menino de Belém nos confere, oferece uma meta, um destino bom para o presente, a salvação à humanidade, a bem-aventurança a quantos confiam em Deus misericordioso. São Paulo resume tudo isto com a expressão: «Fomos salvos pela esperança» (Rm 8, 24). Ou seja, caminhando neste mundo, com esperança, fomos salvos. E aqui cada um de nós pode formular a pergunta: caminho com esperança ou a minha vida interior está parada, fechada? O meu coração é uma gaveta fechada ou uma gaveta aberta à esperança, que me faz caminhar não sozinho, mas com Jesus? Nas casas dos cristãos, durante o tempo de Advento, prepara-se o presépio, segundo a tradição que remonta a São Francisco de Assis. Na sua simplicidade, o presépio transmite esperança; cada um dos personagens está imerso nesta atmosfera de esperança. Antes de tudo, observamos o lugar em que Jesus nasce: Belém. Pequeno povoado da Judeia, onde mil anos antes tinha nascido David, o pequeno pastor escolhido por Deus como rei de Israel. Belém não é uma capital, e por isso é preferida pela providência divina, que gosta de agir através dos pequeninos e dos humildes. Naquele lugar nasce o «filho de David» tão esperado, Jesus, em quem se encontram a esperança de Deus e a esperança do homem.
Depois olhamos para Maria, Mãe da esperança. Com o seu «sim» abriu a Deus a porta do nosso mundo: o seu coração de jovem estava cheio de esperança, totalmente animada pela fé; e assim Deus escolheu-a e ela acreditou na sua palavra. Aquela que por nove meses foi a arca da nova e eterna Aliança, na gruta contempla o Menino e nele vê o amor de Deus, que vem para salvar o seu povo e a humanidade inteira. Ao lado de Maria está José, descendente de Jessé e de David; também ele acreditou nas palavras do anjo e, olhando para Jesus na manjedoura, medita que aquele Menino vem do Espírito Santo, e que o próprio Deus lhe ordenou que o chamassem assim, «Jesus». Naquele nome está a esperança para cada homem, porque mediante aquele filho de mulher, Deus salvará a humanidade da morte e do pecado. Por isso é importante olhar para o presépio.
[…] Francisco, Audiência Geral, 21 de Dezembro de 2016