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Mas muitas vezes, a esperança é escuridão; mas está ali a esperança… que te leva em frente. Fé é também lutar com Deus, mostrar-lhe a nossa amargura, sem fingimentos «piedosos». «Zanguei-me com Deus e disse-lhe isto e aquilo…». Mas Ele é pai, Ele compreendeu-te: vai em paz! É preciso ter esta coragem! Eis em que consiste a esperança. E é também esperança não ter receio de ver a realidade por aquilo que ela é e aceitar as suas contradições. Por conseguinte, Abraão, na fé, dirige-se a Deus para que o ajude a continuar a esperar. É curioso, não pediu um filho. Pediu: «Ajuda-me a continuar a esperar», a oração de ter esperança. E o Senhor responde insistindo com a sua promessa inverosímil: o herdeiro não será um servo, mas um filho, nascido de Abraão, por ele gerado. Nada mudou, da parte de Deus. Ele continua a reafirmar quanto já dissera, e não oferece pontos de apoio a Abraão, para que se sinta tranquilo. A sua única segurança é confiar na palavra do Senhor e continuar a esperar. Aquele sinal que Deus dá a Abraão é um pedido para que continue a crer e a esperar: «Levanta os olhos para os céus e conta as estrelas […] assim será a tua descendência» (Gn 15, 5). É de novo uma promessa, é novamente algo que se deve esperar para o futuro. Deus conduz Abraão fora da tenda, na realidade fora das suas visões restritas, e mostra-lhe as estrelas. Para crer, é necessário saber ver com os olhos da fé; são só estrelas, que todos podem ver, mas para Abraão devem tornar-se o sinal da fidelidade de Deus. É esta a fé, é este o caminho da esperança que cada um de nós deve percorrer. Se também a nós permanece como única possibilidade olhar para as estrelas, então chegou o momento de confiar em Deus. Não há coisa mais bonita. A esperança não desilude.
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Francisco, Audiência Geral · 28 de Dezembro de 2016