A espera vigilante

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Depois de ter conhecido Jesus, nós só podemos perscrutar a história com confiança e esperança. Jesus é como uma casa, e nós estamos dentro dela, e das janelas desta casa olhamos para o mundo. Portanto não nos fechemos em nós mesmos, não tenhamos saudades de um passado que se presume dourado, mas olhemos sempre para a frente, para um futuro que não é só obra das nossas mãos, mas que antes de tudo é uma preocupação constante da providência de Deus. Tudo o que é opaco um dia tornar-se-á luz. E pensemos que Deus não se desmente a si mesmo. Nunca. Deus nunca desilude. A sua vontade em relação a nós não é enevoada, mas um projeto de salvação bem delineado: «Deus deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tm 2, 4). Por conseguinte não nos abandonemos ao fluir dos eventos com pessimismo, como se a história fosse um comboio do qual se perdeu o controle. A resignação não é uma virtude cristã. Assim como não é dos cristãos encolher os ombros ou abaixar a cabeça diante de um destino que nos parece inevitável. Quem anuncia esperança ao mundo nunca é uma pessoa remissiva. Jesus recomenda que o esperemos sem estar de braços cruzados: «Bem-aventurados os servos a quem o senhor achar vigiando, quando vier!» (Lc 12, 37).

Não há construtor de paz que no fim de contas não tenha comprometido a sua paz pessoal, assumindo os problemas dos outros. A pessoa remissiva, não é um construtor de paz mas um preguiçoso, alguém que deseja a comodidade. Enquanto o cristão é construtor de paz quando arrisca, quando tem coragem de arriscar para levar o bem, o bem que Jesus nos doou, doou-nos como um tesouro. E todos os dias da nossa vida, repitamos a invocação dos primeiros discípulos, que na língua aramaica, exprimiam com as palavras Marana tha, e que encontramos no último versículo da Bíblia: «Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 20). É o refrão de todas as existências cristãs: no nosso mundo só precisamos de uma carícia de Cristo. Que graça se, na oração, nos dias difíceis desta vida, sentirmos a sua voz que responde e nos tranquiliza: «Sim, venho depressa» (Ap 22, 7)!

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Francisco, Audiência Geral · 11 de Outubro de 2017