Em Deus porei a minha esperança

Tu, ó concupiscência, agitas-te na carne, mas não submetes o espírito ao teu poder. Em Deus porei a minha esperança, não temerei o que possa fazer-me a carne[1]. A carne agita-se sem o meu consentimento, ou seja, sem o consentimento do meu espírito. Em Deus porei a minha esperança, não temerei o que possa fazer-me a carne. Nem a alheia, nem a minha. Ora será que quem realiza isto em si, não faz nada? Faz muito, é muito aquilo que faz, mas não o faz na perfeição. O que é fazer na perfeição? Onde está, ó morte, a tua vitória?[2]. Por conseguinte, o querer está em mim, mas não depende de mim fazer o bem na perfeição.

Santo Agostinho, Sermão 153,9


[1]             Sl 55, 5.

[2]             1Cor 15, 55.