Musical Thérèse Martin no Coliseu do Porto

O teatro musical Thérèse Martin é um original português da autoria da equipa de Matilde Trocado. Foi religiosamente construído a partir da vida de Santa Teresinha do Menino Jesus, para contar em curtíssimos noventa minutos a história da maior santa dos tempos modernos, que, ao longo da sua curta vida, apenas desejou ser pequenina — proposta que continua válida e a confundir o mundo de hoje.

Permanecer pequenina descobriu-o como possível quando descobriu um pequeno caminho que tratou de ensinar, e ensinou, nem que depois de morrer, tivesse de descer do céu para reconhecer que se enganara, «mas não me enganei, não».

No dia em que se celebravam os 128 anos da sua morte, apresentou-se, no Porto, pela última vez o musical, perante a sala do Coliseu do Porto lotadíssima, pois que até se venderam bilhetes a pé!
Depois de seis sessões no Teatro Camões (cerca de mil lugares), em Lisboa, ontem à noite foi, pois, a vez do Porto receber um musical sério, austero e contido, numa sala que acolheu mais de três mil espetadores! O público grandemente jovem (até havia crianças com os pais!) acompanhou religiosamente o espetáculo como se duma função sagrada se tratasse, mesmo se, a espaços, recorria às palmas para sublinhar este ou aquele momento mais tocante ou brilhante.

E no fim de oito minutos de palmas, a atriz principal chorou. Não pelas palmas — pois também chorava nos ensaios gerais — nem porque a escada parecesse impossível de subir, mas sim porque existe um caminho de segura confiança: é ir ao colo do pai, esse ascensor que nos leva às maravilhosas realidades últimas do céu!

Mesmo se muitos tinham os expressos ou comboios para Braga, Vila Real, Régua ou Fátima à espera, no fim do espetáculo o foyer não esvaziava, sinal de que era bom estar ali. Sinal de que existe um público que merece mais espetáculos destes. O que nos permite afirmar ser este um bom meio para regar a fé: viu quem tinha de ver.

Talvez o musical não consiga ser reposto, mas fica-nos a certeza de que sim, deveria; e de que, se aos católicos portugueses lhes derem boas propostas, eles saem de casa para ir ver. Cultura também é isto e também é muito por isso que se saúdam os promotores deste evento no Porto, a Ordem dos Padres Carmelitas Descalços e a Irmandade dos Clérigos do Porto.