Ao segundo dia de outubro foi a nossa Província por aí abaixo, ou por aí acima, segundo o caso. O fito era juntarmo-nos para rezar juntos, rir juntos, caminhar juntos, vermos, vermo-nos e sermos vistos.
Às 11:30h estávamos já na Capela de Fradelos, sita à Rua Guedes de Azevedo, no Porto; juntos éramos duas dezenas muito bem contadas. E que desse para ver, viu-se que estava o mais velho, estavam outros velhos, e estava o mais novo, e outros mais novos acima dele, e os recém-ordenados, até perfazermos bem mais de vinte!
No início de tudo tomou a palavra o P. Francisco Maria para explicar a história da fundação da Capela dedicada a Nossa Senhora da Boa Hora. O motivo que ali nos reuniu era, obviamente, a celebração da Santa Missa, presidida pelo Padre Provincial. E também facilitar a contemplação de um belo naipe de painéis de azulejo que narram, quer ao visitante, quer ao orante, os passos da vida de Santa Teresinha do Menino Jesus, nascida há 150 anos.
Os azulejos valem bem uma visita, acreditem!
Como celebrávamos Missa dos Santo Anjos, na homilia o Padre Provincial lembrou todos os Irmãos que não tinham podido fazer-se presentes e, cuidou de telefonar à comunidade do Funchal, para lhes dizer que os tinha no coração e os lembrava na Santa Missa. Na homilia referiu ainda: «Nas nossas comunidades sejamos um anjo para o irmão. E deixa tu também que o irmão seja para ti um anjo. Na comunidade tu és guarda do teu irmão e és também chamado a cuidar e a guiar o teu irmão, e a falar-lhe em nome de Deus!
Chamados a viver juntos, em comunidade, a missão segundo nosso carisma e a nossa espiritualidade, lembremos que cada um de nós foi desafiado pelo Senhor a cuidar do outro, tanto no que diz respeito à pessoa como no que diz respeito à vocação».
Depois da eucaristia foi tempo de um almoço leve, sereno e descontraído, onde quem menos mandou foi o relógio. Após o almoço rumámos para um banho de história e espiritualidade que nos levou ao encontro das raízes do Mosteiro de Grijó (fundado no ano de 922 pelos Cónegos Regrantes de S. Agostinho), e também às suas vicissitudes e rico espólio. Fora o tempo elástico e ali ficaríamos mais tempo, mas não. Porém, a visita recomenda-se seja a quem nunca lá foi, ou aos que naquela hora nela participávamos. Na verdade, aquelas sagradas e seculares paredes falam-nos e aconchegam vozes divinas que ainda ali ressoam, e bem vale a pena ir lá ouvi-las de novo e descansar nos interstícios dos seus silêncios. Vale bem a pena…
A experimentar.
Não vimos ali tudo, não, apenas se nos mostrou onde está a fonte do silêncio. Outras horas nos farão ir ali procurá-la de novo…
E porque o dia decaía, subimos ao monte da Senhora da Saúde que distava a dez minutos de carro. E à sombra outonal de uma floresta de plátanos, voltámos a partilhar a mesa composta de algumas iguarias regionais idas de Avessadas, Braga, Fátima, Porto e Viana. O cronista garante que por ali também apareceram bananas da Ilha da Madeira: foi Viana quem as levou!
Entretanto, já a noite descia os seus escuros véus, quando todos chegávamos bem a casa, reconfortados pelo belo dia passado em fraternidade, tal como por nós é bem lembrado e cantado: «Ecce quam bonum et quam jucundum habitare fratres in unum».