Chiquitunga
Maria Felícia Guggiari Echeverría nasceu a 12 de Janeiro de 1925 em Villarrica del Espíritu Santo, no Paraguai, sendo a primogénita de sete filhos.
Era fisicamente pequena, motivo pelo qual o seu pai apelidou-a, carinhosamente, de “Chiquitunga” (pequerrucha, em guarani).
Foi batizada, quando tinha três anos, no dia 28 de Março de 1928.
A sua mãe contou que, num dia de muito frio, Chiquitunga voltou da escola a tremer de frio porque tinha dado o seu agasalho a uma menina pobre. Uma das suas irmãs denunciou-a ao pai, porém ela respondeu: «Estás a ver, paizinho! Eu não sinto frio!». E repetia esfregando as mãozinhas nos seus braços nus e tiritantes. Numa outra vez chegou a casa com umas sandálias disformes e gastas porque tinha dado, em troca, os seus sapatos a uma menina necessitada. Episódios comoventes e significativos, que revelam o carácter desta menina que encontrava a sua felicidade na partilha com os outros.
A 8 de Dezembro de 1932, recebeu pela primeira vez Jesus Eucaristia na Catedral de Villarrica. Deste dia recordará anos mais tarde: «Nunca se apagará da minha mente a lembrança do dia mais feliz da minha vida, o dia da primeira união com o meu Deus e o ponto de onde surge minha resolução de ser cada dia melhor».
Ingressou na Ação Católica em 1941, onde foi uma militante empenhada e destacada.
Dotada de esplêndidas qualidades humanas e espirituais, não passava despercebida a ninguém, sendo estimada por todos. Era muito alegre, sociável, prestável, modesta e muito simples.
Na Ação Católica Chiquitunga encontrou um ideal e um objetivo que orientou toda a sua vida, tendo trabalhado, incansavelmente, num apostolado ativo, abrangente, de evangelização e de partilha com os mais desfavorecidos.
O seu lema de vida: «TUDO TE OFEREÇO, SENHOR!» , que ela representava por T2OS, qual forma química para a felicidade, sintetiza a sua entrega a Deus, numa consagração total do seu ser.
Em 1950, Maria Felícia conheceu Ángel Sauá Llanes, um jovem estudante de medicina e dirigente da Ação Católica e foi tal a comunhão de almas, partilhando o mesmo ideal, que surgiu entre eles uma profunda amizade e um amor pleno e puro. Contudo, buscando, em primeiro lugar, cumprir a vontade de Deus, os dois, de comum acordo, decidiram abdicar do seu amor humano para se consagrarem totalmente ao Senhor: ele no sacerdócio e ela na vida religiosa.
Na manhã do dia 2 de fevereiro de 1955, ingressou no Mosteiro das Carmelitas Descalças de Assunção. Recebeu o hábito no dia 14 de agosto de 1955 e tomou o nome de Irmã Maria Felícia de Jesus Sacramentado. Fez a sua Profissão simples foi no dia 15 de Agosto de 1956.
A Madre Teresa Margarida resumiu em poucas palavras as atitudes da Irmã Felícia desde o início da sua entrada no Carmelo: «Tinha um grande espírito de sacrifício, caridade e generosidade, tudo envolvido em grande mansidão e comunicativa alegria, sempre viva e brincalhona».
No dia 9 de janeiro de 1959 foi internada por se encontrar doente com uma hepatite infeciosa, a mesma doença com que na antevéspera falecera a sua irmã Manhica.
Em meados de fevereiro pôde regressar ao mosteiro e no dia 22 de março teve alta dos médicos, com o júbilo das irmãs que já a consideravam curada. Porém, no dia 26, domingo de Páscoa, o seu irmão, que era médico, diagnosticou-lhe “Púrpura” e foi novamente hospitalizada.
Morreu na madrugada do dia 28 de abril de 1959, depois de lhe lerem o poema “Morro, porque não morro”, de Santa Teresa de Jesus. As suas últimas palavras foram: «Jesus eu amo-Te! Que doce encontro! Virgem Maria!»
Em 24 de setembro 2011 foi feita a exumação dos restos mortais da Irmã Maria Felícia e, após a limpeza dos ossos, foi descoberto o seu cérebro incorrupto.
Foi solenemente beatificada no dia 23 de junho de 2018, aquela que é a primeira beata paraguaia, no estádio Pablo Rojas, em Assunção, numa cerimónia presidida pelo Cardeal Ângelo Amato, como delegado do Papa.