Vigésimo aniversário da Venerável Irmã Lúcia de Jesus: As palavras da Irmã Ângela Coelho, D. Virgílio Antunes e P. Vasco Nuno

Volvidos vinte anos sobre a morte da irmã Lúcia de Jesus, Carmelita Descalça de Coimbra, uma pequena multidão concentrou-se, ontem, dia 13 de fevereiro de 2025, efeméride do seu falecimento, lotando a capela daquele mesmo Carmelo. Pela tarde, peregrinaram ali muitos corações cuja presença queria dizer que nenhuns ventos contrários farão passar nem de nós desvanecer-se «o seu perfume de santidade, porque também hoje é possível viver-se a plenitude do baptismo, até se atingir a união com Deus» (P. Vasco Nuno).

As palavras da Irmã Ângela Coelho:

Pelas 16h00, a Irmã Ângela Coelho, ASM, Vice-Postuladora da causa de beatificação e canonização da Irmã Lúcia, proferiu uma conferência sobre a sua «peregrinação interior» e a sua subida ao Monte Carmelo, feita em silêncio e oração, adentro das paredes do Carmelo de Santa Teresa.

Lembrando que «faz hoje 20 anos que a Irmã Lúcia partiu para o céu, e Portugal parou, suspenso» a Irmã Ângela lembrou que foi aquele «silêncio claustral que a tornou figura universal», e aproveitou para anunciar «a publicação, em breve, de um livro do teólogo carmelita descalço François-Marie Lethel», sobre a vida da vidente de Fátima. «Fiquemos atentos e rezemos; talvez antes da Páscoa tenhamos novidades», rematou, lembrando que «Lúcia não nasceu santa e, apesar do privilégio das Aparições, teve de percorrer um caminho igual ao nosso».

As palavras de D. Virgílio Antunes

No mesmo local, pelas 18h00, D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra, presidiu à Eucaristia concelebrada que foi por trinta sacerdotes, chegados um pouco de todo o Portugal.

Mostrando-se feliz por celebrar este aniversário, o bispo de Coimbra também se referiu ao livro do padre François-Marie Lethel, que propõe uma chave de leitura futura para o Diário da Irmã Lúcia: «Percebem-se ali as dificuldades que enfrenta qualquer pessoa, quando quer fazer um caminho sério de vivência da sua fé, e da sua vocação». E continuou: «Para muitas pessoas, em todas as partes do mundo, a Irmã Lúcia é um dos intermediários no nosso caminho para o céu, para a esperança única que é Jesus Cristo. Demos graças sentidas ao Senhor, nosso Deus, pelo seu percurso de vida e pelos sinais de esperança que durante a sua vida, mas agora também, depois da sua morte, continuam a transparecer».

No final da Eucaristia, saudando o Provincial dos Carmelitas Descalços, recordou que «sois uma família espiritual que, no passado, deu muitos e grandes santos à Igreja e, espero, continueis a dar também hoje para o céu. Todos nós esperamos que continueis a ser um sinal da continuidade da esperança com que Deus quer continuar a avivar o coração do seu povo, com o contributo dos seus santos».

E dirigindo-se à comunidade das Irmãs do Carmelo de Santa Teresa, rematou: «E às Irmãs digo que continuo a pensar que o Carmelo é um dos melhores lugares do mundo; onde as pessoas se tornam mais santas, cuja santidade depois se comunica, mesmo no silêncio, porque comummente a santidade não é ruidosa, mas discreta. Esperamos que a vossa santidade continue a contagiar o nosso mundo».

Dirigindo-se por fim a toda a assembleia, concluiu: «Vamos todos continuar a rezar para que a Irmã Lúcia de Jesus seja beatificada antes das celebrações dos vinte e cinco anos da sua morte».

As palavras do nossos Provincial, P. Vasco Nuno

No contexto das celebrações, mas à margem dos pronunciamentos públicos, o Padre Provincial dos Carmelitas Descalços de Portugal, Frei Vasco Nuno, deixou a todos «uma palavra de alegria, de esperança e gratidão pelos sinais que Deus nos vai colocando na nossa peregrinação rumo ao céu».

«Considero que, continuou o P. Vasco Nuno, estes vinte anos que nos separam do dia da Páscoa da Irmã Lúcia foram dias intensos. É verdade que, este período de tempo nos separa fisicamente da sua presença alegre, santa e humilde, mas tal distanciamento também nos facilitou o acesso à sua doutrina espiritual, não só a mim, mas também à nossa Província de Carmelitas Descalços e a tantos que vão chegando e aprofundando a sede da vida interior e da subida ao cume do Monte Carmelo, como nos ensinou São João da Cruz».

E agora, rematou: «Cabe-nos transmiti-la ao mundo, porque os santos – a Irmã Lúcia também – são sempre uma página do Evangelho que a todos nos cabe ler e anunciar. É verdade que a sua palavra foi silenciosa e não brilhou cá fora, mas também é verdade que a sua vida escondida no Carmelo é verdadeiro anúncio luminoso do caminho de santidade pelo qual Deus nos quer encaminhar e acompanhar». «Considero, sinceramente, que a Irmã Lúcia é, entre a plêiade dos nossos santos, mais um modelo de experiência de Deus que os irmãos e irmãs da nossa Província deverão conhecer e aprofundar. Lembro, nesse sentido, que ela é candeia cuja luz certeira nos alumia o caminho para o céu».