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Dia 29 de Outubro, Sábado
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Pelas 9h00, as
Relíquias deixam Monte Real e dirigem-se para a
Prisão Escola de Leiria. Os jovens reclusos
espantam-se com a visita. Estão surpreendidos,
admiradíssimos (a Visita esteve para ser suspensa,
mas felizmente não o fora. Daí a admiração). A
celebração é breve, mas solene. Tiram-se fotografias
em grupo e depois um a um. Todos ficam com uma
história para contar acerca deste dia em que uma
Santa os visitou. E parece mesmo que vão contar a
história, porque não se calam, não param de mirra e
comentar tão inaudita visita. |
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Na prisão das mulheres a Visita também foi singular. As
regras de segurança impõem restrições. As mulheres
aproximam-se desta Mulher pequenina e muitas choram;
Teresinha também, estou certo. Aproximam-se três ou quatro
grávidas, tocam no Relicário e há ali um sobressalto, como
quando João Baptista exultou de alegria no seio de sua mãe
ao receber a visita do Salvador!
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Ao fim da manhã as Relíquias regressam à Sé de Leiria.
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Pelas 17h00, é feita a despedida. Um pouco antes entram na
Sé dois autocarros de turistas. São de Portalegre e de
Castelo Branco. Ficam surpreendidos, e quem duvidara
meter-se ao caminho dá, agora, o tempo por bem empregue: a
surpresa é enorme! E o afecto também!
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Partimos em direcção da Faniqueira, Batalha, para o Mosteiro
das Irmãs Clarissas. As Irmãs recebem Teresinha como sua.
Durante a Veneração — em privado — ouço várias religiosas:
«Ó Teresinha! Ó
Teresinha!». Creio que era a recriminar por ela
não ter chegado mais cedo, na primavera das suas vidas.
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Depois, venerámo-la na capela onde se reunira tanta gente
que a encheu. Rezamos o terço, seguindo alguns textos da
Santita. À saída
um grupo de ex-seminaristas do Seminário Missionário de
Viana do Castelo levam o Relicário. Há no seu rosto tanto de
surpresa como de agradecimento.
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Dali rumamos para Fátima. No telemóvel caiu uma chamada: os
trinta Padres Provinciais do círculo europeu da Congregação
do Verbo Divino querem saber como podem venerar as Relíquias
da Grande Missionária. É fácil, e Teresinha acede com gosto.
Iremos ao seu encontro. A cerimónia será breve, mas se os
Provinciais são trinta, então a igreja que nos recebe tem
mais de trezentas pessoas!
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A subida para Fátima fez-se por uma estrada íngreme. A
Brigada de Trânsito, sempre impecável, leal e serviçal vai à
frente. Segue-a a carrinha das Relíquias onde se vêem duas
fotografias da Santita
e se nomeia a Visita de Santa Teresinha a Portugal. A subida
não é muito longa, mas é lenta e majestosa. Atrás da
carrinha acumulam-se veículos. Gera-se ali uma longa fila,
qual caravana ou guarda de honra. Há calma e respeito,
ninguém esboçou uma tentativa de ultrapassagem ou se mostrou
impaciente. Numa das olhadas para trás apercebo-me que dois
ou três telemóveis disparam as máquinas fotográficas. Ó
maravilha da técnica, os telefones agora tiram fotografias,
e informam que estamos a seguir uma Santa!
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É noite quando entregamos as Relíquias no Mosteiro das Irmãs
Dominicanas, em Fátima. A igreja está mais uma vez cheia. O
ambiente é sereno e caloroso. Segue-se uma vigília com a
presença de muitos jovens.
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Dali seguirão depois para o Mosteiro das Irmãs Clarissas. A
capela é pequenina, mas abastada de gente. O coro —
proporcional à igrejinha — é também pequenino. Mas dá para
ver que desde dentro as Irmãs Clarissas querem ver
Teresinha. Como Zaqueu queria ver Jesus. O Relicário fica
aos pés do Altar, mesmo em frente aos seus olhos.
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Às 21h30 chegamos ao Carmelo de São José. Quase não se
consegue entrar com o Relicário. Mas a boa vontade e o
desejo de ver Teresinha tudo torna possível. Teresinha está
em casa, no seio das suas irmãs. E isso nota-se. Este foi
sem dúvida o acolhimento mais caloroso, mais vivo e ardente.
Mas do que vai na alma de cada um só Deus sabe.
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Entre a assembleia encontram-se alguns sacerdotes, o Padre
Capelão e o Bispo de Portalegre e Castelo Branco, D. Augusto
César.
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O Padre Provincial, Frei Pedro L. Ferreira, saudou Teresinha
dando-lhes as boas-vindas. Este é o primeiro Carmelo que ela
visita em Portugal. Seguiu-se uma vigília de oração
presidida pelo Padre Capelão.
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A noite promete ser longa, tanto quanto o sono o permitir;
tanto quanto as Irmãs possibilitarem, porque também elas a
querem venerar em privado. Uma hora depois da chegada
torna-se necessário abrir mais portas: cá fora chove
intensamente na noite escura, e há mais pessoas a esperar
para entrar que as que estão dentro da capela! Os
congressistas do Congresso «A ciência do Amor» desabaram ali
e nem a chuva intensa os demove. Nem a chuva nem a noite,
nem o frio nem o incómodo de não se saber quando entrarão.
Nada os demove, estão prontos para esperar.