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Dia 10 Novembro, Quinta-feira
Memória de S. Leão Magno
»
A festa e a reflexão, a meditação e a oração
continuam em Lisboa. E Teresinha continua cá linda e
garbosa. O Professor Marcelo R. de Sousa é um dos
congressistas. Ontem à noite deu uma palestra na
Igreja de S. Domingos de Benfica. Escusado será
dizer que o espaço ficou lotado. Havia em alguns
ânsia por saber que diria o Professor. Que saberia
ele de Santa Teresinha? Falou da maior Santa dos
tempos modernos de forma simples e documentada,
mostrando-se um bom conhecedor da história da sua
vida. |
» A
palestra centrou-se sobretudo no papel interventivo
da Santa no III Milénio e como o Papa João Paulo II
apelidou-a de »Doutora do Amor». No final
questionaram-no muito e o Professor não se fez
rogado. Questionaram-no sobre a actualidade da
mensagem de Teresinha. Mas a resposta era fácil
porque o amor jamais passa de moda.
Questionaram-no sobre
o sentido da entrega religiosa e da consagração a
Deus. E a resposta variou sobre o sentido e o
mistério da vida: «Há coisas na vida que não se
explicam. Há segredos que se guardam ou então deixam
de o ser. Os pormenores que embelezam a vida são
mistérios que vamos desvelando há medida que ela se
vai fazendo caminho. O certo é que Santa Teresinha
parece ter o dom de saber ajudar a quem anda em
busca de sentido». Teresinha parece ter um papel
reservada: discernir e ajudar nas escolhas. Alguém
perguntou: que faria ela na sociedade de hoje? Onde
se situaria? «Não sei, respondeu o Professor
aparentemente hesitante. Sei que saberia ouvir, que
não ficaria inactiva, que saberia dizer baixinho aos
ouvidos de quem dela se aproximasse o que deveria
fazer no lugar em que se encontrasse». Viria para a
praça pregar?, perguntaram-lhe. «Não sei, respondeu
novamente. Sei que não ficaria inactiva.
»
Quando o dia amanheceu os congressistas foram mostrando-se,
chegando-se à Sé para saudar Teresinha. Lisboa também veio.
Mas diz quem vê que a manhã é sempre mais murcha que a tarde
e a noite. Depois das Laudes, às 10.00h, e da Eucaristia,
às 11.00h a visita às Relíquias intensifica-se e Teresinha a
todos recebe. Hoje veio o Colégio do Ramalhão: eram mais de
trezentas crianças. Cada uma trouxe uma rosa para a Santa.
Oh! Como ela ficou feliz. Cantaram-lhe como se cantam aos
meninos para os embalar. Escreveram-lhe mensagens que lhe
foram sussurrar baixinho ao ouvido. E depois deixaram as
mensagens num baú que ali se encontra. Outros muitos têm
deixado mensagens no baú. Teresinha tudo ouve e tudo lê.
» Há
situações para todos os gostos. Umas mais discretas que
outras. Umas podem ser vistas, a maioria fica, porém, no
segredo dos corações: no de Teresinha e no dos devotos.
Alguém deseja a toda a força fazer um apelo público, que o
deixem subir e falar à multidão que aguarda e ora. Mas não o
deixam falar. Discretamente, a quem se aproxima dele diz que
tem 47 anos e que acaba de ler a História de uma Alma, cuja
leitura o favoreceu com uma graça muito grande: a conversão.
Quer dizer a todos que ama Jesus e foi levado a amá-l’O
imitando o exemplo de Santa Teresinha. Enfim, não teve
oportunidade de divulgar a sua mensagem, mas se alguém ler
esta crónica saiba que o caminho da infância espiritual é
mesmo caminho de salvação!
»
Lurdes Alçada Batista é irmã do escritor Alçada Batista.
Veio venerar as Relíquias de S. Teresinha acompanhada de uma
amiga, irmã de um Professor ex-ministro da educação. Diz que
«veio agradecer os benefícios de Santa Teresinha a toda a
família»; e confirma que «Santa Teresinha é um membro da sua
família e que como membro de pleno direito é consultada nas
principais decisões que há a tomar na vida familiar». É a
santa da tradição familiar. O mesmo confirma a sua amiga
enquanto compra uns livros que ajudarão uma filha a
actualizar a espiritualidade da Santita, que já leu nas
Obras Completas e agora precisa de as reler com uma chave de
leitura na mão.
» Os
anónimos também têm a suas histórias. São muitos os que
dizem que se sentiram tocados pela Santa das rosas.
Sentem-se tão tocados que pretendem deixar tudo e segui-la
por Portugal fora. Não é isso certamente o mais importante,
mas que onde quer que estejam o exemplo de Teresinha os
possa iluminar.
» Há
sempre muitos jovens. Inquietos e irrequietos. E calados. E
orantes. E silenciosos. E há os que querem saber o que se
encontra dentro do Relicário. O que haverá?, perguntam e
perguntam-se entre si. E acabam concluindo que o de somenos
é o Relicário, que o importante é a mensagem de Teresinha
que deseja ver-nos felizes caminhando com Jesus para a casa
do Pai!
» A
veneração às Relíquias foi intensa todo o dia, mais durante
a tarde. Asseguram-me que não contaram, mas que não
falhariam se dissessem que a média horária é superior as 500
pessoas. À entrada há uma pequena exposição biográfica em
quatro telas. São muitos os que ali se detém, quer à entrada
quer à saída, para se inteirar um pouco mais sobre a vida da
Santita.
» E
como se reza diante das Relíquias? Sim a pergunta pode ser
feita, e foi feita! A resposta foi esta: «Diante das
Relíquias eu rezo olhando as pessoas que rezam. E rezo
dizendo: “Senhor, faço minha a oração daquela pessoa que
está ali a orar”; ou digo: “Senhor peço-te o que aquele te
pediu»; ou ainda: «Senhor peço-te mais fé para te rezar como
aqueles ali te rezam!».
»
Durante a tarde houve ainda Exposição do Santíssimo
Sacramento, de resto como nos outros dias. E como nos outros
dias Soer Monique animou os momentos orantes. Rezava em
francês facilitando a tradução simultânea. A oração de
vésperas foi presidida por D. Manuel Clemente e a seu lado
tinha D. António Marto, bispo de Viseu e outros dez
sacerdotes. Os féis eram muitos.
»
Durante a oração de Vésperas suspendeu-se a veneração, porém
mais de 120 pessoas permanecem na fila aguardando poder
aproximar-se do Relicário.
» A
noite será longa. Será de reconciliação e misericórdia. O
ICNE está a terminar. Quem ali está para estar ao serviço de
Teresinha conta que se nota nas pessoas que sabem discernir
o valor da presença das Relíquias de Teresinha. Que sabem
que o mais importante não é saber o que a urna-relicário
contém, mas o movimento interior que a sua presença provoca.
É certo que as flores e as palmas, as velas e a música, os
cânticos e os silêncios transformam a atmosfera e criam a
moldura certa para acolher as Relíquias, a fim de que
Teresinha nos diga que acima de nós e acima dela há algo
imensamente superior. Teresinha está em Portugal para ajudar
e interrogar os corações.
» E
como vê Teresinha em Lisboa? Vejo-a bem, bela e garbosa.
Teresinha não é igual por onde passa, pois há sempre algo
novo nos locais onde a acolhem e ela sabe adaptar-se às
situações. Em Lisboa ela está majestosa, vaidosa, orgulhosa,
nem parece ela. (Sim, que ela não era nada assim!). Sabe
corresponder às exigências do protocolo sem ser demasiado
exuberante, mas jamais escondendo-se ou ocultando-se. Em
Lisboa como em Lisieux ou como no Céu Teresinha sabe sempre
estar. Está sempre in!